atende, sou eu

Primeira tentativa,
caixa postal.
Mais uma vez,
ocupado
terceira vez,
fora de área
quarta e última
vez, desligado.
Outro dia,
a pessoa
vai dizer alô.
Alô? Quem está
falando?
Como quem?
Tu tu tu tu...
( Marcelo Nava)
 

talvez?

Pra cá, pra lá
Mais pra cá
do que pra lá?
Ou mais pra lá
do que pra cá?
Puxe-me a todos
os cantos, mas
deixe-me decidir
para aonde eu vou.
Talvez você se
lembre das conversas,
do vento batendo
na janela, dos
dias nublados, das
intermináveis filas
para ir a roda-gigante.
Não me deixe
no meio da situação,
se insistir será não,
e se nada fizer
será sim.
( Marcelo Nava)
 

sem poréns

Não tem
o quê.
Não tem
o quê,
com quem.
Sem afins.
Sem nada,
sem mim,
sem fim.
( Marcelo Nava)

simbólicos sinais

Deixados intactos,
amontoados,
revirados,
resquícios.
Sopros de
pó pelo ar.
Cinzas que
não se
espalham.
presente,
passado
e futuro.
Roda gigante,
moinho a
água.
Doce que
lambuzo-me
simbólicos,
simples,
o tempo
só os traz
de volta.
sinais simbólicos,
remetem, remetem,
não saem
daqui.
( Marcelo Nava)

  

cilada

 

Já te falei

pra não

cair nessa,

saia desse

caô.

Não curta,

quem não

te curte.

Na real, vaza!

chega de treta,

avisa que eu

to chegando.

to na área!

Não quero

enrolação!

Eu quero

responsa.

Nada de

curtição. 

Atitude!

Sacô?

Não quero

entrar numa furada

Larga mão

e vem comigo,

deixa disso,

to afim

de você.

( Marcelo Nava)

coleção de não-me-toques

Já guardei na
prateleira.
Estão em desuso.
Houve o tempo
em que, o uso
era intenso.
Passado, tudo
mudou, e a coleção
continua lá.
Coleção serve para
ficar intacta.
Tantas nove horas,
tantos nãos aqui,
nãos ali, e nãos
acolá.
Também necessitamos
das frescuras, para
guardarmos uma
boa coleção.
( Marcelo Nava)

meia conversa

meia palavra
meia fala
meia explicação
meias verdades.
meio-dia
meia hora
meio entendimento
meias considerações.
meio contato
meio termo
meia conduta.
meio amor
meia paixão
meio romance
metades são
metades, andam
fixadas.
( Marcelo Nava)