pintei o céu de um blue

O céu já está pintado,
só quis dar um tom,um
blue para ficar diferente.
Um tom mais neutro,
ou mais audacioso.
De um anil, o céu
tornou-se blue.
Muito ou pouco 
transformou-se, mas a essência
continuou a mesma.
Sem fronteiras, misterioso,
indagador.  
Contornei-o, pintei os pássaros,
as nuvens, o arco-íris.
Se eu fosse invadir as galáxias,
ficaria até o fim do século.
É mais fácil pintar a vida
da maneira que queremos,
e o céu, reflete aquilo que esperamos.
Eu só queria dar um toque,
algo sutil, que não destoasse
do inicialmente criado. 
Foi só um blue, tudo parece igual,
perfeito.
( Marcelo Nava) 
  

cara de leão

 
Tem cara de leão?
tem força, coragem
e determinação?
É menina travessa?
É o suor no rosto,
e nas mãos de mulher determinada.
É a alegria das multidões,
onde chega causa comoção.
Fala serena ao ouvido,
como flautas ao pôr-do-sol.
Conselheira, sistemática,
tem entusiasmo até para
peraltices com o mágico,
tem espaço para mais
um em seu coração?

Sabiá da manhã
 
O sabiá já anunciou:
Ela chegou.
A doce e pequena de
cabelos negros e cacheados
já se enfeitou.
O sapato calçou,
o vestido rosa colocou
o batom logo passou
os brilhantes brincos,
como seus olhos, já estão nas orelhas
e a voz, o doce canto
dava para ser ouvido
da rua, afinado como sempre.
Tudo pronto, o espetáculo começou,
ela cantou e irradiou.

Fortaleza de esperança
 
A vida levou,
levou meu coração contigo,
para perto de ti.
Um pedaço de mim é seu,
eu sei. Me deu a vida.
esperança é a palavra
que me define.
Sou uma fortaleza dela.
Sei jogar com a vida,
e mesmo que ela vencer,
eu sei do que fui capaz,
eu alcancei o que quis.
Sou a mais sábia para dizer,
que a vida é mais bela
do que jamais imaginei.
( Marcelo Nava)
A três amigas, Alini Bianco, Rebeca Mendes e Paula Jaqueline Damacena

estilhaços

Cultivei o amor dentro de um vidro,
o vidro se rompeu,
e pequenos cacos espalharam-se
por todos os lados.
Até hoje não consegui
encontrar o caco que
lembra o seu sorriso.
Estilhaços voaram pela
janela do nosso apartamento
e encontraram as ruas.
Quando procuro pelos fragmentos,
tenho a sensação de que
algo me vigia pelas calçadas.
Bueiros, poças de lama,
tudo ficou enfeitado com 
os pedaços de vidro.
Em tom esmeralda,
com o tempo esfarelaram-se
transformaram-se em nuvens
e atingiram o céu.
O vento soprou, e 
inundou a estrada
com o pó incandescente,
jamais apreciado antes
na cidade.
Ecoa, vai, penetra
na imensidão,
amor estilhaçado, que
eu não faço questão de quebrar.
( Marcelo Nava)
          

deixa pra depois

Isso vai deixando

o tempo passar

a chuva molhar,

vai deixando tudo acabar

isso faça isso

deixa o sol se esconder

deixa o aço derreter

isso bem assim

deixa de viver

de sentir a brisa do mar

deixa de chorar

e de sonhar

vai deixando a vida passar

deixa também de dizer obrigado,

e eu te amo

vai vendo que os dias se prolongam,

que são exaustivos,

vai notando que a essência da

vida acabou e a amargura castigou.

( Marcelo Nava)

guarda-chuva

O cheiro da terra molhada,

era o convite para que, o

pai colocasse o menino de cinco anos

sentado na velha janela de madeira.

O garoto gostava de observar a chuva.

Da janela, o pequeno

não tinha medo das gotas,

que desciam descontroladamente

das nuvens.

E nem passava pela sua mente

que dentro da sua casa havia

um guarda-chuva, que poderia

protegê-lo da água que do alto caía.

Se o menino soubesse o quanto

é bom enxergarmos a vida

da janela, sem ter que usarmos

o guarda-chuva, veria o quão interessante isso é.

O guarda-chuva da vida,

é a muralha que nos defende

das coisas nem sempre transparentes

como a água.

Mas nebulosas como a tormenta

e a escuridão da noite.

( Marcelo Nava)

eu e você no outono

Memórias perfeitas
espalhadas com as
folhas secas do outono.
Um bosque sem cor, sem vida,
um banco em tom cinzento da estação.
O que nos uniu foi o outono.
( Marcelo Nava) 

orgulho

O pior dos pecados,

o início de tudo

o verme da alma.

Eu de cá, você de lá,

não temos mais

o que fazer.( Marcelo Nava)

boa noite com poesia

Lá fora, na opulência
da madrugada,
sombras vagueiam sem rumo.
Aqui dentro,
mesmo na penúria,
consigo sentir
o abrasar da sentinela.
( Marcelo Nava)  

viagem ao palco das emoções

Artérias unem-se para
dar vida ao amor.
Pulsam. tum tum
colorem de um rubi, tum tum
dão sentido à vida,
bate forte coração.
Nessas batidas faço o
meu palco das emoções.
Choro, poetizo,
bailo, canto serenata.
Quando vejo você,
o ritmo acelera, turuntuntun
transborda à face.
Vermelho vem ruborizar,
no calor eu quero ficar.
( Marcelo Nava)

se me der asas, eu vou voar

Assim como os pássaros,

eu também sinto a

necessidade de ser livre.

Liberdade, independência,

é o que dá sentido à vida.

E se nós quisermos, poderemos

alçar voo juntos, sem demagogias.

Quem dera eu poder sentir lá

nas nuvens o mesmo amor

que sinto por você aqui na terra.

Que o sentimento aumente

na mesma proporção

que formos subindo.

Nas alturas, ou em solo.
Amarei você do mesmo jeito.  

Terra e céu, novos horizontes,

criaremos asas.

( Marcelo Nava)