domingo, 29 de julho de 2012

abstrato

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Incompreensivo,
desconexo
infame
involátil
instável
inconstante
incontrolável
Furioso!
e se controlar
poderei ficar
sem controle...
Não tem lógica,
não é lógico
não é pano
de fundo
não tem teia
não tem cesta
não tem pimenta
nem nada
de cheiro
abstrato
agridoce, azedado
está fadado
( Marcelo Nava)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

perdidos nos es

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Que que é esse
que desencadeia os es,
que brotam
tantos porquês.
Que história
mal contada
essa sua.
Que porquês
que você
criou, dizendo
um monte de
es e quês
que eu nem
sequer pude
questionar.
Perdidos ficamos,
isso porquê,
veja o meu porquê
você disse tantos
es e quês.
Se a língua portuguesa
não existisse,
você deixaria-me
sem saber o porquê
de tantos es.
Tudo entre nós
tem um porquê,
e o quê desse porquê,
cabe a você entender
e saber o porquê
de tantos es.
( Marcelo Nava)
  

sábado, 21 de julho de 2012

sim, eu sou o dono da voz


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Sim sou eu
é de mim
que vem,
mas de onde
vem?
nem eu sei,
é penetrante,
é reconfortante,
é apaziguadora,
é forte como lava
de vulcão.
Faz você deleitar-se
sobre ela,
faz você cantar,
mesmo em dias
nebulosos.
Faz você sentir-se
como as nuvens do céu.
Acalentei-te e mostrei-lhe,
que o dia chegou.
O que mostrei-lhe?
Há não posso
dizer em linhas de poema,
só convém que saiba
que vem da alma,
e neutraliza todos
os ruídos.
Como a minha
voz pode lhe
provocar tanto
amada minha?
( Marcelo Nava)


segunda-feira, 16 de julho de 2012

leve-me barquinho

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Aos quatro cantos aonde
eu não possa alcançar.
Aos corais, que eu
não posso quebrar.
Às pérolas, que eu
não posso enfeitar.
À dança dos cardumes,
que faz borbulhar as
minhas emoções.
Às tormentas, que
afogam as minhas mágoas.
Às ondas mansas,
para eu repousar.
E enfim, barquinho,
às sereias, que eu
possa beijar.
( Marcelo Nava)

domingo, 15 de julho de 2012

jardins esquecidos

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Não quero que
esse jardim torne-se
mais um esquecido
pelas histórias
do tempo.
Manhã dourada,
local sem resquícios
para muitos.
Avistei-lhe caminhando
próxima ao lago.
Sem que
ouvisse os sons
dos meus passos,
essa era a origem
do pensamento.
Espantei-a, claro
fui abrupto!
Eu não queria.
Eu gostaria de cortejá-la,
mas, o vazio do
jardim soou mais alto.
Não corra!, não
quero você na
imensidão desse lugar.
vida começou em
um lugar desses.
Duas pessoas amaram-se,
mudaram os rumos
da humanidade, e toda felicidade
transformou-se em
torno de um jardim.
( Marcelo Nava)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

o tic tac da estação não pode parar

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É bom se pudéssemos morar em uma estação de trem, sem nos preocupar com o seu apito incessante vindo em nossa direção. Como eu quero ouvir as batidas do seu coração, como se fossem flocos de neve batendo em minha janela.
Assim como na estação, onde tenho de manter o relógio funcionando, sim, porque o tempo depende de mim, a madame com o cão garboso e macio, o inspetor com olhos de lince, o senhor da biblioteca e a vendedora de flores, todos olham para o tempo, e esperam muito de mim.
E buscam no tempo os seus anseios, os seus romances, assim como eu busco. " Sessenta segundos em um minuto, sessenta minutos em uma hora, o tempo é tudo".
Há também os que querem parar o tic tac. Alegam que o barulho do relógio traz infelicidade, preocupações, raiva e outras coisas que só os humanos sentem. Não é por acaso que o meu invento não possui coração, e não depende do tempo. Basta eu encontrar a chave dourada para abri-lo às possibilidades do mundo.
Na estação tudo ocorre. Ouço vozes perseguindo-me, por não querer que a minha invenção revolucione a maneira das pessoas enxergarem a vida. Um invento modesto, mas que guarda algo fascinante com ele.
Será que quando a invenção ganhar vida, vai querer morar na estação, escrever poesias ou ainda desenhar histórias da vida daquele que o criou? " Assim como as máquinas, os humanos têm um propósito: O trem leva as pessoas, o relógio marca as horas. E da mesma forma que as máquinas param de funcionar, os humanos também param, pois o tempo é que comanda tudo".( Marcelo Nava)
Livremente baseado no filme A invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese.

domingo, 8 de julho de 2012

o mágico das multidões


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Acabou o espetáculo mago,
as cortinas se fecharam,
as luzes se apagaram
o dia virou noite.
Nenhum coelho a vista,
nenhuma criança feliz
perdeu a cartola?
a escuridão levou-lhe
às antigas vielas,
enfeitadas com a luz
do luar que derramava-se
sobre as árvores.
Amanhã você entrará
em cena novamente
mágico.
Tem uma plateia lhe
esperando, treine aqueles
truques em casa.
Faça o pirlimpimpim
para conseguir a felicidade,
tire cartas de amor
das mangas.
O mágico descobriu
que as coisas que
escondia da sua vida,
eram as que mais 
lhe fazia feliz.
Não é truque,
pode ser revelado,   
então comece o espetáculo.
( Marcelo Nava)
  

quinta-feira, 5 de julho de 2012

debaixo do teu véu

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Branco como as
brumas que se
aproximam da
janela do meu quarto.
Reconheço a ti,
através de teu véu,
que é meu céu.
meu leme de
rodopios no oceano,
de tormentas que me
calam o estômago.
É guardado com infinitas
chaves, o que há
sob este manto
límpido e revigorante.
A, como é singela,
como tem doçura
no olhar, como sabe
encorajar-me...
levante o rosto, os enlaços
fizeram-se realidade, os anjos
harparam e flautaram,
enfim, o sim.
( Marcelo Nava)

domingo, 1 de julho de 2012

um tempo só para nós dois

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O tempo é o antagonista das
cenas dos perdidos
nas loucuras do amor.
O tempo não é célere,
preciso de mais um
segundo com você,
pelo menos por hoje.
Notou como somos
escravos desse algoz?
percebeu como não
conseguimos  mensurá-lo?
tempo pra gente se ver
pra gente se observar
tempo para o cafuné
para o abraço sem fim
tempo para dizer
aquilo que faz um nó
na garganta,
tempo para apreciarmos
o que nos rodeia,
para falar de amor
tempo para olharmos
no relógio, e chegarmos
a conclusão de que,
vivemos e aproveitamos
o tempo, vivemos para
sempre nesse tempo.
( Marcelo Nava)