sábado, 29 de dezembro de 2012
anita foi passear
Eu jamais pensei
que alguém pudesse
enganar-me a
ponto de eu
pensar que eu sonhava
mesmo estando de pé.
Como pude?
Ingenuidade levou-me
a esses devaneios
sinto-me sem chão
sobre a terra árida
da Caatinga.
Mas parecia tão real
tão sublime,
voltei a dormir
e não mais acordar
somos chamados
pelas impulsividades.
sabe, eu ainda
não acredito nisso.
Voltarei a sonhar.
( Marcelo Nava)
Da série anita foi passear episódio final.
frases em vidros
Caixinha de música
rodava, rodava
escondida estava.
lá do alto eu vi
no vidro corroído pelo tempo,
que tão longe estava,
feito água no deserto.
somente rabiscos
que lembravam
uma história de
amor.
A flecha atravessando
o coração,
vigiado por um gorducho
de cachos amarelados.
Assim tem início
e assim teve fim.
( Marcelo Nava)
domingo, 23 de dezembro de 2012
poesia só é bonita no papel
De nada valeria os
versos que consigo
criar se não houvesse
o papel para publicá-los.
Preciso apreciá-los
de alguma forma.
Necessito venerá-los
sou um Narciso
com os meus versos.
Do que adiantaria
pensar em palavras
tão belas, se eu
não puder preencher
as linhas brancas e infinitas
desse caderno castigado
pelo tempo ou guardá-los
na memória?
Não, não, eu preciso
iludir as pessoas.
( Marcelo Nava)
sábado, 15 de dezembro de 2012
deixei a banda passar
Eu não estava a toa
na vida, o meu amor
não me chamou para
ver a banda passar.
Em te amar, em te amar,
o amor não deixava-me
livre.
E no crepúsculo,
a banda passou,
eu não acenei,
eu não te amei,
o dia acabou.
( Marcelo Nava)
domingo, 9 de dezembro de 2012
morcegos
Estão por toda
parte, não posso
desvencilhar-me
são sombrios,
nebulosos,
traiçoeiros
sanguinários
vampiros urbanos
querem me sugar.
( Marcelo Nava)
a volta
Houve época
em que eu
dizia que
não voltaria atrás
que eu fecharia
as portas do
coração, já pensei
que o mar não se abriria
que o céu fosse
ficar cinzento
que o sol
não brilharia
que as flores não
iriam mais exalar o
bálsamo dos deuses.
infeliz escuridão
que se foi
já tenho o meu
abrigo de volta
consegui me acolher
aceitei-me de volta
( Marcelo Nava)
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
sou o menino largado
Não é mais um
na multidão,
Sou eu na multidão!
o que adianta,
ninguém pode
me ver!
não vou levantar
o braço
ninguém vai me
notar!
Nem os relâmpagos
que saem da
minha goela
podem alcançar...
em frente eu posso
ver o sorriso
do horizonte
nas noites, me
encolho sob
um canto escuro
de concreto
de dia estou
nos arredores,
por aí...
( Marcelo Nava)
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