quinta-feira, 21 de junho de 2012

um tango em Tóquio

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Danzas como una
pluma em Juanita
Os olhos orientais
já vislumbraram-na
a babilônia do futuro
sabe, que do outro
lado do planeta, há
caliência no enroscado
rodopia Juanita,
embala-me gracioso,
nutre-me de poder
faça o niño lhe conhecer
salpica pelo salão
a bruma dos céus,
adoça com frescor
os lábios de Tóquio com mel.
Teus olhos negros
de rapina não negam
la sensualidad es como
música para mis oídos.
( Marcelo Nava)
  


segunda-feira, 18 de junho de 2012

já fui um tapete

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Já que fui
tão pisado,
porque ainda
insiste em
olhar-me?
Qual é o atrativo
para você?
Se estou lá,
no canto solitário,
porque insiste
em me revirar,
fazer de conta
que eu não existo?
Se estou descuidado,
o seu descaso
me fez ficar assim.
Tire os seus sapatos,
antes de pisar em mim.
( Marcelo Nava)


quinta-feira, 14 de junho de 2012

páginas amarelas

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... Naquela mesma manhã
não me contive,
e num louco momento
pus-me a revirar
aquelas páginas
amarelas, em busca
de alguma informação
que lhe trouxesse
de volta.
Foi tudo em vão,
como o vento que
chega sem avisar, e em poucos
segundos entra furiosamente
pelas portas e janelas de uma casa.
Só então, pude perceber
que a página em que
seu nome era para estar,
havia sido arrancada, tiraram-lhe
o nome e o seu perfume.
Nada, não sobrou nada,
que pudesse
lembrar você.
A sentença era para
esquecê-la mesmo.
( Marcelo Nava)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

o encontro de Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade

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Clarice mandou avisar: - Posso me encontrar em qualquer lugar com o Drummond, menos em Brasília. A, já sei nobre escritora, lá na Capital Federal há muitos eu diria, delitos.
Drummond também pestanejou, dizendo que a vontade de ver Clarice era grande, mas a disposição para obedecê-la era pequena.
Enfim, o encontro foi concebido. Clarice risonha, a cada palavra levava o cigarro à boca. A fumaça tomava conta do ambiente. Drummond, solícito, com seu jeito amável, conquistava a todos. A emoção dos catedráticos se estendia da cafeteria à Princesinha do Mar, subindo ao infinito, em meio aos versos singelos que insistiam em brotar das gargantas afiadas.
E ficaram na velha discussão, entre homens e mulheres. Ambos concordaram que as mulheres levam os homens a cometerem loucuras.
Drummond insistia em afirmar que as pessoas não devem se ater em aprender coisas que não lhes interessam, devem descobrir novas coisas.
E no amor? O que enaltecer do mais nobre dos sentimentos? Nisso, tanto Clarice quanto Drummond,
são categóricos. A escritora sugeria que vivêssemos sem nos preocupar com delongas, e Drummond traduzia o amor da forma mais brilhante que pôde. Ele não parava de poetizar para Clarice, gesticulando e entoando versos, dizendo que o amor cabe em qualquer lugar, da cama ao mar.
A conversa não poderia terminar sem um longo abraço e sem confirmar que a amizade é pura, a amizade transforma, e que rir sem motivo é o melhor da vida.
Ouvia-se os dois: - Parabéns Drummond, você é fabuloso, você é Divina Clarice, vamos então praticar a felicidade, um novo encontro com vocês, é o que desejamos. ( Marcelo Nava)

sábado, 9 de junho de 2012

ritmo dos passos

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Mesmo longe,
eu já pude
ouvir os passos
que vinham em
minha direção.
Em ritmo desenfreado,
coração saltando
pela boca,
voz trêmula
ao entrar.
Visitou os
cômodos da casa,
a procura de respostas.
De afoitos, os
passos transformaram-se
em lentos, a distância
que antes existia
entre nós, agora
não é mais
mera ilusão.
Pare!, pense um
pouco no que está
fazendo, se teus
passos demoraram
tanto para levar-te
até aqui, porque
agora quer deixar-me?
Meus passos guiam-me,
e necessitam de
mim para seguir adiante,
o rumo é incerto, não vou
decepcioná-los.
Os estalidos foram
sentidos, e os passos
saíram desordenadamente
com lágrimas que cobriam
o chão, chão calejado
por lutas e incertezas.
( Marcelo Nava)


sexta-feira, 8 de junho de 2012

a cor da voz

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Qual é a cor
da sua voz?
Vermelho da
paixão,
azul da serenidade
ou laranja
da amizade?
O que
inquieta-me,
é saber que
posso conhecer
a cor da sua
voz, que mais
parece aquarela
dando-me cor.
( Marcelo Nava)




segunda-feira, 4 de junho de 2012

fera


rabiscos em fotos
Seu olhar já penetrou
a minha alma.
Calmamente, como
os passos de
uma felina
sobre as secas
folhas da floresta.
Contorna-me,
amacia-me
Devagar, não
tenha pressa,
não lance suas
garras fera,
o dia é longo,
e as noites
são curtas.
Escuridão,
que insiste em
me abandonar,
tão marcante
quanto a
que acabei de
amansar.
( Marcelo Nava)