quarta-feira, 11 de julho de 2012

o tic tac da estação não pode parar

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É bom se pudéssemos morar em uma estação de trem, sem nos preocupar com o seu apito incessante vindo em nossa direção. Como eu quero ouvir as batidas do seu coração, como se fossem flocos de neve batendo em minha janela.
Assim como na estação, onde tenho de manter o relógio funcionando, sim, porque o tempo depende de mim, a madame com o cão garboso e macio, o inspetor com olhos de lince, o senhor da biblioteca e a vendedora de flores, todos olham para o tempo, e esperam muito de mim.
E buscam no tempo os seus anseios, os seus romances, assim como eu busco. " Sessenta segundos em um minuto, sessenta minutos em uma hora, o tempo é tudo".
Há também os que querem parar o tic tac. Alegam que o barulho do relógio traz infelicidade, preocupações, raiva e outras coisas que só os humanos sentem. Não é por acaso que o meu invento não possui coração, e não depende do tempo. Basta eu encontrar a chave dourada para abri-lo às possibilidades do mundo.
Na estação tudo ocorre. Ouço vozes perseguindo-me, por não querer que a minha invenção revolucione a maneira das pessoas enxergarem a vida. Um invento modesto, mas que guarda algo fascinante com ele.
Será que quando a invenção ganhar vida, vai querer morar na estação, escrever poesias ou ainda desenhar histórias da vida daquele que o criou? " Assim como as máquinas, os humanos têm um propósito: O trem leva as pessoas, o relógio marca as horas. E da mesma forma que as máquinas param de funcionar, os humanos também param, pois o tempo é que comanda tudo".( Marcelo Nava)
Livremente baseado no filme A invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese.

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